Eis-me aqui prostrado
Rendido ao teu Império
Desnudo e fustigado
À mercê do teu vitupério
Ouvindo na tua voz um doce fado
Esse mel que me cantas ao ouvido
Essa dependência do Passado
Esse vício do tempo já perdido
Inerte, impotente de acção
Envolto numa névoa cerrada
Desejando, com ardor, a repetição
Daquela crónica há muito desusada
Na esperança de uma nova produção
Daquilo que foi e que agora é nada
Mário Carreiro
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Transe nocturno
Ergo à boca um copo meio baço
Ainda com uma gota de bagaço
E sorvo num sorver já embriagado
Sedento como um alcoólico desesperado
Tudo isto num transe, numa orgia
Narcotizado pela nocturna calmaria
Nesta noctívaga vigília que destroi
O homem e faz nascer o heroi
Que pega a espada e o escudo ufano
Nele regorgita as suas entranhas
E o tange com um sórdido verso profano
Que alude às das musas, as mais estranhas
A quem dou toda a ternura de meu braço
Peço, então, a mim mesmo: mais um de bagaço!
Mário Carreiro
Ainda com uma gota de bagaço
E sorvo num sorver já embriagado
Sedento como um alcoólico desesperado
Tudo isto num transe, numa orgia
Narcotizado pela nocturna calmaria
Nesta noctívaga vigília que destroi
O homem e faz nascer o heroi
Que pega a espada e o escudo ufano
Nele regorgita as suas entranhas
E o tange com um sórdido verso profano
Que alude às das musas, as mais estranhas
A quem dou toda a ternura de meu braço
Peço, então, a mim mesmo: mais um de bagaço!
Mário Carreiro
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