Filha de Zeus
Gémea de Ares
Prima de Apolo
E amiga da Fortuna
Oh! Musa mais bela
De entre todas as criaturas
Sentada num trono de ouro
Adornado de diamantes
Assentando sobre uma pilha de cadáveres
Flutuando num lago de sangue
Ela observa sorrindo
A mortalidade dos mortais
Vendo estes dedicarem-se
Ao seu sangrento culto
Oh! Musa sanguinária
Vendo os teus brancos cabelos ao vento
E teus olhos ardendo de ódio
Sentindo a tua respiração
Como gritos de agonia
Oh! Minha musa amada
Que eu amo tanto
De entre todas as outras
Cujo os olhos são bolas de fogo
E a voz o trovoar de uma bombarda
Tu que nos ensinas
A não aprender
Tu que causas retrocesso
E que promoves o progresso
Tu que divides povos
E unes nações
Tu que és pilar de impérios
Tu que doces canções
Cantaste aos antigos
Pois de ti somos mendigos
Tu que por todos és odiada
Que por todos és difamada
Mas que por todos és amada
E para sempre serás desejada
Tu que fazes pais
Enterrarem seus filhos
E que fazes filhos
Nunca verem seus pais
Tu que transformas
Uma seca e árida planincie
Num oceano de sangue
Tu que tornas estéreis os campos
E que de seguida os fertilizas
Oh! Divina dama
Dos cabelos de marfim
Teus lábios húmidos e carnudos
Escorrendo sangue para teu peito
Sangue de todos aqueles
Que te odiaram
Sangue de todos aqueles
Que te amaram
E sangue de todos esses
Que para ti não olharam
Retiras-te agora
Para teu aposento
Dormindo em lençóis de seda branca
Acompanhada de uma pomba branca tua amiga
Deixas por agora estes mortais
Para que amanhã
Os tortures ainda mais…
Mário Carreiro
1 comentário:
gosto da maneira como tu pões as coisas, dás um aspecto de musa neo-classicista ás coisas, pareces um autor clássico
* deves pensar que és o Camões =P
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