sábado, 24 de janeiro de 2009

Lilith

Lá para as bandas infernais
Estava Lilith a chorar
Por aquele que ela ama
Sua escrava a tomar

"Sinto agora a minha artéria
Sei bem que ainda estou viva
Fui feita da mesma matéria
Porque me quer ele como cativa?
Fui criada da mesma forma
Porque sua escrava ele me torna?
Não mais me rebaixo
Até no milagre tenho de estar por baixo"

E tornando-se a rogar
Para aquele que a criou
A sua condição reclamou

"Tu, que me fizeste do pó
Dando-me a bênção maternal
E que criaste também a ele
De forma e matéria igual
Deixa-me ser livre mas também amada
Sem que seja por ele subjugada"

Ao que o criador replicou
E um tom de ira entoou

"O que fiz não está bem nem mal
Pois é esta a ordem natural
E quem és tu para exigir?
Não passas de uma mera mortal
Tenho então de te punir
Por desafiares teu superior
E por quereres ser igual
Aquele de quem és inferior
Condeno-te então
À eterna danação!"

E assim falou o criador
Condenando ela ao eterno horror
Ela fora castigada
A estar sempre aprisionada
Pois recusou servir
Aqueles que vivem lá em cima
Servirá agora então

Aos que reinam debaixo do chão...


Mário Carreiro

Sem comentários: