Ofuscas
a Musa antiga, invejosa,
Cessas
o canto velho, vicioso,
Eclipsas
a bela Dido, a famosa,
Preteres
a esposa do Aqueu danoso.
Estava a Musa, que queria mais amar,
Cantando
armas e varões insignes,
Com
a canora tuba, olhando o mar,
Invejosa,
querendo que te resignes.
Ainda que todo um canto eu te cantasse,
Não
de heróica trompa ou grave coturno,
Mas
de fugaz lira, que o peito trespasse,
Mais
não seria do que mero solaz nocturno.
Quando Dido, do Troiano enamorada,
Na
trevosa noite ao antro se acolheu,
Não
viu Eneias na dama enfeitiçada
Uma
quarta parte do que em ti vejo eu.
E aquela, cujo rosto ao mar lançou
A
maior armada que o mundo vira,
Helena,
quando junto a ti pousou,
No
meu peito só ardeu a tua pira.Mário Carreiro
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