Já fui parvo e néscio
Já cometi erros e falhas
Como ter cessado de falar
Como ter parado de escrever
Por causa da opinião de outros
De ter ligado a sórdidos opinantes
Me arrependo e me emendo
Esses doutores de larga boca
Alheios ao sentimento com que escrevo
Que facilmente besuntam sua língua
De palavras vazias e ocas
E que suas são muito poucas
E essas palavras de opinião
Que largamente jorram
Como água corrente no Jordão
E que tentam pôr cerco á minha fala
E prender minha vontade
Á ideia de escrever
Apenas para quem me for ler
Mas ainda com penas se tem de escrever?!
Julgava eu com lápis e caneta já ser!
Venham daí esses juízes de qualidade!
Venham também bajuladores em quantidade!
Que a minha pesada e atrasada pena
Não cessará de escrever
Por mais que vos enjoe as minhas palavras
Por mais que vos aborreça a minha voz
Ela é e será minha e só minha
E mesmo que não seja ouvida por ninguém
Não a deixarei cair na boca de outrem!
Mário Carreiro
4 comentários:
ora aqui está uma boca bem mandada
Está brilhante, muito bem dito, e partilho da mesma ideia expressa neste Poema (sim, com P grande).
Ricardo R.
Muito bem! Gostei!
Ainda que seja parcialmente prosa poética, estilo do qual não sou grande fã, está muito bom.
Acho imensamente engraçados estes comentários: "..., e partilho da mesma ideia expressa neste Poema..." completamente contraditórios à realidade que é expressa na sua cobardia baseada numa escrita escondida atrás duma lingua mais fácil, com uma linguagem mais pobre e com um sentimento apenas ilusório e absurdo...
Tu pelo contrário não tens razão para atrair calhandrices à tua escrita a não ser de porbres invejosos, os teus poemas são orgulhosamente portugueses e estão bem escritos.
Tenho dito!
Mário Carreiro! Jamais meus neurónios pensariam que ostentasses em teu ser um vertical e obrador sentido poetico derramado de odes e cânticos tão desconcertantes. Bem hajas
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