Não sei se era noite ou madrugada,
Apenas sei que sonhava
Que me deixava ir pela alma, sozinho nessa estrada
Que é o sonho por onde vagueava.
Era uma paisagem normal
Não a detalhei bem com os meus olhos, mas sei que era apenas espectral.
Haviam correntes, inúmeras,
Das mais variadas cores.
Estavam unidas, bem seguras,
De um lado por um anel azul florescente,
Do outro pelas minhas mãos.
Cada uma tinha uma imagem
um significado,
Todas essas importantes, todas peças de quem sou
Reluzindo e glorificando aquele anel azulado
Símbolo da ‘’união de tudo’’,
tudo aquilo que eu sentia, via e não ia perder.
Aí, as minhas forças foram contestadas
Mas nada me faria largar as correntes.
Jamais seriam subjugadas
Senti algo pela primeira vez na vida,
Um medo, um receio, igualmente imponentes,
Sentimentos de perda que me envolviam como tentáculos
Semelhantes aos que faziam de tudo para quebrar aquela união.
A existência do meu ser.
Nada eu fazia para largar
Tudo o que mais queria era aguentar.
Senti que não ia ali ficar, não ia ceder.
As lágrimas já não eram meu dever de conter
Mas o meu desejo, o meu viver,
a união iria permanecer!
Não sei o que aconteceu a seguir,
Não sei a origem da escuridão
Nem se era sua intenção me suprimir ou não.
Apenas sei que desistiu e deixou-se ficar
Totalmente imóvel, a olhar-me.
As lágrimas em mim caíam descontroladamente.
Conseguia sentir o anel na minha mão.
Havia-se fundido com as correntes numa pequena, dourada e rejuvenescente,
Á qual me agarrava por qualquer razão.
Senti logo o meu peito apertado,
Dois braços enlaçavam-se com força em mim
Ao mesmo tempo que toda a minha saudade descaía sobre ela.
Não a tinha perdido, nem ma tinham tirado,
Tinha-a comigo e comigo iria ficar o tempo todo.
Quando, infelizmente, despertei
Deixei-me ficar a recordar e pensei:
‘’ Sei que não é a realidade,
Mas nunca chorei tanto como acabei de o fazer.
Sei por aquilo que lutei
Mas não vi o rosto dela.
A minha alma conhece-a sempre o fez, eu não.
Mas sentir pena disso não é razão.’’
‘’ Quanto àquela escuridão,
Não sei porque não sinto raiva dela
Nem sei porque desistiu.
Não sei a sua origem nem a sua intenção
Mas como ela me olhou e cedeu,
Faz-me pensar o quão minha ela até é
E o quanto faz parte de mim e de quem realmente sou.
Importante me é reconhece-lo. ‘’
‘’E agora sei o porquê da paisagem ser espectral, agora sim
Ela era tudo aquilo que não existe á volta de mim ‘’
Se for possível concluir,
Digo que não quero perder uma pessoa que não sei de quem se trata ainda.
Sei que para alem de tudo em mim, existe também escuridão e isso faz-me sorrir.
Foi, e é isto que um sonho me faz ver, aquilo que sou e que nada me finda.
Diogo Ramos
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