quarta-feira, 30 de julho de 2008

Cego é aquele que sem ver crê

O seu olhar que tudo vê
e que sem questionar em tudo crê

Olhar que perdeu á nascença
mas da luz ainda sente a presença

Fora o seu olhar arrancado
por um gume de ferro oxidado
e por um ácido na sua efervescência
perdeu toda a sua essencia

É mais um cego neste mundo
de cegos que vivem tão no fundo

É um cego que julga ver a verdade
e julga os demais sem piedade
acusa-os de serem errados pecadores
os que nao se regem por seus valores

Mas o que ainda mais me encanta
é essa sua hipocrisia tanta
que os outros sao cegos e ele tudo vê
mas cego é aquele que sem ver crê

Nao sei o que lhe cantaram no berçário
e se tinham na mão um livro ou um rosário
julga que fizeram isso para seu bem
mas transformaram-no num ninguém

E agora sem exitação
lhe abro o peito e mostro o coração

Crave fundo a cruz que soma nas contas
pregue também a estrela de seis pontas
e para as trancar no meio
ponha um crescente de bronze feio

Ponha-se com preces e orações
cite romarias ou cante canções
que se para si cego sou

então para o ouvir surdo estou


Mário Carreiro

sexta-feira, 18 de julho de 2008

A mentira... (soneto)

Pudera eu dominá-la
E ter a mestria da sua arte
Que eu pudesse domá-la
E usá-la toda ou só uma parte

Pudera conceder-me a Providência
O dom de ser mestre da mentira
Usá-la por minha conveniência
Sem incorrer na sua ira

Suplico esse dom, ó Generoso!
Que já não se usa o hábito honroso
De ter por qualidade

Aquele que só diz a verdade
Pois a mentir o Homem busca
Nestes dias onde a verdade se ofusca


Mário Carreiro

A verdade... (soneto)

Mas que duro que é saber a verdade
Desta terra onde sem esforço me perco
Olhando os outros reis desta idade
Como o rei que não sabe quebrar cerco

Pudera eu não saber o que sei
Pois já não me fariam dizê-lo
Tentei esquecer e ignorei
E já não queria mais sabê-lo

Tirem-me os olhos e a visão
Cortem meu peito e o coração
Tirem-me o nariz e o olfacto

Arranquem-me a pele e o tacto
E para a verdade eu não contar
Cortem-me a língua e o falar


Mário Carreiro

domingo, 13 de julho de 2008

Crónicas de um poeta apaixonado - 10º episódio

O dia em queo coração ressuscitou! Até para o ano, malta! É tempo de descontrair e divertir.

Com o fim das aulas
todos querem festejar
ir para as ruas gritar:
"Finalmente estamos livres de estudar!"

Serão dois meses de descanso
sem nenhuma preocupação
ir para a praia bronzear
e ir ao cinema ver filmes de acção

Quanto a mim
entro em bem nestas férias
a um casório irei
assistir a dus belas festas

Quando menos esperei
abordado por uma pessoa fui
uma rapariga me quis conhecer
eu até pensei estar a sonhar

Será que é desta
que volta a bater o meu coração?
Mas se quiserem saber mais
não percam as próximas crónicas
porque eu também não.


Mário Ilhéu

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Crónicas de um poeta apaixonado - 9º episódio

O dia em que o coração parou! Uma dificil decisão e a chegada dos exames do Ministério da Educação.


As aulas chegaram ao fim
e com as férias mesmo à porta
existe muita coisa a pensar
muitas planos a ponderar

Mas antes disso
eis que chega o momento decisivo
semana e meia de estudo
para garantir o nosso futuro

Dois exames teremos de fazer
cada um diferente do outro
até lá teremos de reter
a informação de dois anos inteiros

Depois de feitos os exames
finalmente gritamos de felicidade
as férias oficialmente começaram
está na hora da festividade

Mas há um assunto pendente
finalmente tomei uma decisão
há que dizê-lo frente a frente
desisto, quem não aguenta é o coração

Mas nem tudo está perdido
pois temos dois meses para caçar
seja quando for
irei encontrar alguém para me aturar.



Mário Ilhéu

domingo, 6 de julho de 2008

Mente nua

Alguns podem pensar
que ainda há esperança
podem até pensar
que ainda há forças
mas eu não vejo a esperança
eu não sinto essas forças...
eu estou nu...
expondo a nudez da minha mente
aos rigores do frio
e ao desespero da escuridão
Podem dizer que o vento sopra forte
que eu nem uma suave brisa sinto
podem dizer que uma estrela cadente
em todo seu fulgor ardente
caiu mesmo á minha frente
que eu nem uma pena a cair sinto
podem até dizer que estou a arder
como o ferro no alto forno
que eu continuo neste gélido covil
pois já nem a quente aragem primaveril
eu sinto a aquecer-me o sangue
Já nada sinto
apenas aqui estou
olhando o passar das idades
e á espera Dela
á espera da Divina Dama
aquela que fará de mim seu trigo
e ceifará o que resta de mim
pois apenas resta o meu pensamento
e mais nenhum sentimento
cheguei ao fim...
cheguei ao meu fim...


Mário Carreiro