quarta-feira, 3 de setembro de 2008

O povo do mar

Estávamos nos campos solares
onde é translúcida a água do rio
e verdes os campos e as colinas
as nuvens viajam no céu azul
e o vento leva as folhas mortas
que ainda cheiravam a Outono
olhamos o sol nascente
surgindo de trás da colina

Foi quando sentimos
a mãe Terra tremer de medo
medo de perder os seus filhos
para as lâminas de seus inimigos

E no raiar do dia décimo
do mês das plumas
onde o céu toca a Terra
surgiu o povo do Mar
todos em suas montadas
suou a sua diabolica trompa
e esta foi ouvida a sete léguas
e no coração sentimos um aperto
como que apunhalados

Então a trompa cessou de tocar
e a Terra tremeu uma vez mais
pois os homens do mar
se lançaram colina abaixo
eram tantos que cobriram a colina
mais de dez exercitos, dizia-se
e de arco em punho
dispararam suas frechas
tantas que cobriram o céu
e o dia ficou noite
mais de mil dos nossos mataram
e outros mil feriram de morte
estavam ja a menos de cem pés
quando, de lança em riste
arremesssaram seus farpões
que se cravaram nos nossos corações
e entao empunhando as espadas
e erguendo seus escudos
carregaram sobre nós
pisando-nos com seus corseis
e iam matando cada um de nós
sem que houvesse resistência

Eu estava na linha de reforço
e por milagre escapei
para ver a ruina do meu país
e a desgraça da minha terra...



Mário Carreiro