terça-feira, 30 de agosto de 2011

Versos Bebâdos

Somos poucos, mas excepcionais
cada um com sua simplicidade
mas todos nós especiais
aproveitando nossa juventude

Sendo ele o patrão
e homem com muita ambição
vem o nosso Carreiro
mostrar a força de um pioneiro

Não há um sem dois
veio ele confirmar depois
sem o senhor Sandrinho
nosso lindo e provocante chocolatinho

Ele veio tudo organizar
e da papelada tratar
cá está o Ilhéu para as curvas
o nosso Relações Públicas

Este não veio do céu
nem se tapa com um véu
Só acredito num
é no neste Deus e mais nenhum

Risada constante tu provocas
com milhares de geniais piadas
grande és, Titi Caeiro
horas a fim de bom paleio

Ainda eras tu uma estudantil
já te preocupavas por razões mil
Trabalha a Mariana para se sustentar
para sozinha puder estar

Andas tu, todo lambão
agarrado aos livros feito marrão
nem te dignas a aparecer
Luis, que mal andas tu a fazer?

Mais directa que o fogo
sinceridade é o seu jogo
Jannett a tomar conta de todos
juntando-se a este grupo de tolos

Ela sabe mais que ninguém
preocupando-se como uma mãe
a sorrir a nossa Micaela
dançando no meio da ruela

Com aquele ar intelectual
charme bem formal
Grande David, o estudioso
a ouvir esse seu "pimba" manhoso

Karaokes, bailes, palcos gigantes
com encanto e voz brilhantes
não precisa de comandar orquestras
este Mestre anima todas as festas

Este Homem é um Verdadeiro artista
imaginação bastante realista
mais o jeitoso do Neto
a competir com o nosso preto

Vens dar música a todos
com essa garganta que nos deixa pasmados
voa, voa grande Verdelho
conhecendo-o desde fedelho

Gostávamos de ter mais
mas não encontramos os tais
para pertencerem a esta organização
tens de ter muito humor e disposição.

Mário Ilhéu

sábado, 2 de abril de 2011

Gracco sobe ao Monte

Gracco ao cume do monte subiu
E erguendo as mãos à Deusa, pediu:
«Ó Deusa, que me criaste e deste sapiência,
Responde-me, que limitada é a minha ciência.»

E erguendo novamente as mãos em súplica,
Gracco pergunta: «Deusa, o que és?»
E ao perguntar o seu temor duplica:
«És boi? Cavalo? Tens cabeça, mãos e pés?»

E em todo o vale o solo tremeu
E todo o céu sob o monte trovoou
E bradando lá do Alto a Deusa respondeu:
«Eu sou a Deusa. Eu sou!»


Mário Carreiro

domingo, 13 de março de 2011

Experimentos Futuristas

Num vagão atribulado
No túnel dos horrores
Sinto poder, sinto impulsão
A força motriz de toda a condição
À velocidade e trepidação
Responde meu corpo dilatado
Arremessando-se primeiro para trás
E depois para a frente com a propulsão
E este ruidoso caos urbano
A metrópole da turbina eléctrica
Com rodas, carris, motores, combustão
Tudo em constante electrificação
Nada é natural
Tudo é sintético
Nada é anormal
Tudo é estético
Assim como a enxaqueca
Que determina a minha vontade



Mário Carreiro

Esta coisa foi feita no dia 10/02/2011, fruto do cansaço após um dia de aulas e dentro dum vagão do metro com aquele característico barulho ensurdecedor. Foi uma primeira tentativa minha de conhecer o inimigo.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Não a amarás

Teu jeito simples e honesto
Meu jeito alto e grandioso
Teu olhar pálido e modesto
Meu ego lato e sonoroso

Teu cabelo longo e moreno
Minha barba de aço
Tu num movimento sereno
Eu num andar de couraço

Teu rosto pacífico e plano
Minha face redonda e cansada
Teus lábios de etéreo Úrano
Minha língua certa e afiada

Tu a quereres viver só
Eu a desejar um pedestal
Tu sentindo pena e dó
Eu a pensar só no mal

Tu procurando aprazível existência
Eu vivendo em eterna contenda
Tu ignorando toda a essência
E desejando apenas a minha emenda

Eis-me aqui já derrotado
Onde meu braço já não ergue
Meu peito aberto ao triste fado
"Não a amarás" assim se pregue



Mário Carreiro

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Infinito

Um passo
Dois passos
E ali estavas tu
De costas para mim
E eu estava nu
Da minha segurança e garantia
Numa inconsistência doentia

E tu num eterno movimento
Numa velocidade infinita
Cada instante era o seguinte momento
Cada ponto era a seguinte estadia
Tudo num vector de afastamento
Que se afastava do meu corpo
E se Aproximava do meu pensamento

Corpo
Pensamento
Ambos viajando ao infinito
Um, a imagem do real
Outro, a realidade da imagem
Cada vez mais longínquos
Dispersos, vagueando
Em mares de propano
Incandescentes, voláteis
Extensos, retrácteis

Comigo, insano, repetindo:
"Eu sou igual a Eu"
Qual encéfalo bovino
Na vã expectativa
De manter a identidade

Eis que te somes pelo vácuo
Corpo e pensamento
Perdem a última velocidade
Unem-se no ponto de sanidade
Voltando à concepção do natural

São estes os movimentos incessantes
Que me provocas em poética prosa
Sempre em mutações constantes
Quando te vejo de relance
Vejo pixéis de hipóteses
E átomos de nada



Mário Carreiro

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Metarreal

Ó Sono! Ó grande Sono!
Que me fazes chorar
Nem sequer me deixas pensar
Em ti, tão grande que és, ó Sono!

Ora luz, ora escuridão
Vejo estáticas pinturas em sucessão
Umas de batalhas em ascensão
Outras de amor e traição
(Uma muito sóbria opção...)
E vejo-as em pálidas e paradas
Crónicas antigas, consagradas
Com damas, varões e cidades arrasadas

E assim, neste pródigo calabouço
Já sem potência vectorial
Crio, em papel, um pequeno esboço
Da minha transcendência do real


Mário Carreiro