sábado, 23 de outubro de 2010

Introspectiva

Para que serve tudo isto?
Toda esta tribulação sobre algo passageiro
Toda esta angústia sobre algo que é nada
Sobre algo que nunca foi
Toda a expectativa falhada
Toda a esperança infundada
E depois de tudo o mais
Ainda sentes saudades
Como se Aquilo fosse bom vejam só!

Mas porquê?
Mete na cabeça que Aquilo não prestava!
Quem és tu, Mário?
Olha bem para ti
Que ridículo...
Merecias que te dessem um murro
Passas a vida mascarado
De corrector dos males alheios
E não vês os teus males
Aqueles que te corrompem
Aqueles que fazem de ti lixo
Que te reduzem àquilo que és agora
Que te tornam naquilo que criticas
Vê bem no que te tornaste!
Choras por passados que não tinham futuro
Por realidades paralelas
Por "se"s
Onde tudo corre como queres
Onde não há maus nem bons
E todos são heróis
Fazes dessa saudade do futuro a tua droga
Olha para ti, Mário!
Olha para o que és
E não para o que podias ter sido
Olha para o que há à tua volta
Para o mal do mundo
Para o sadismo desportista
Olha para os teus inimigos
E diz-lhes que os amas
Pois são eles que te fazem forte e bom
Esquece aquele tempo
Foi apenas um sonho
Engole a saliva e pisa o passado
Odeia o passado!
Sei que gostas mas tens de o odiar
Senão ficas louco!
Desculpa dizer-te isto assim
Mas não podia conter a angústia que sinto
Ao ver fotografias daquele futuro
Sabes bem que eu estarei sempre aqui

E que eu te amo como nunca ninguém te amará


Mário Carreiro