quarta-feira, 30 de julho de 2008

Cego é aquele que sem ver crê

O seu olhar que tudo vê
e que sem questionar em tudo crê

Olhar que perdeu á nascença
mas da luz ainda sente a presença

Fora o seu olhar arrancado
por um gume de ferro oxidado
e por um ácido na sua efervescência
perdeu toda a sua essencia

É mais um cego neste mundo
de cegos que vivem tão no fundo

É um cego que julga ver a verdade
e julga os demais sem piedade
acusa-os de serem errados pecadores
os que nao se regem por seus valores

Mas o que ainda mais me encanta
é essa sua hipocrisia tanta
que os outros sao cegos e ele tudo vê
mas cego é aquele que sem ver crê

Nao sei o que lhe cantaram no berçário
e se tinham na mão um livro ou um rosário
julga que fizeram isso para seu bem
mas transformaram-no num ninguém

E agora sem exitação
lhe abro o peito e mostro o coração

Crave fundo a cruz que soma nas contas
pregue também a estrela de seis pontas
e para as trancar no meio
ponha um crescente de bronze feio

Ponha-se com preces e orações
cite romarias ou cante canções
que se para si cego sou

então para o ouvir surdo estou


Mário Carreiro

1 comentário:

Pedro Verdelho disse...

Fabuloso!
Adorei a ideia e a maneira como foi transcrita para o papel.
Está realmente muito bom, Ainda tenho de o ler mais umas quantas vezes para ter a certeza se concordo com tudo o que está escrito,mas em grande parte pelo menos posso já afirmar que sim.
Mário Mário... os teus poemas destacam-se no meio dos do resto da malta do gato e ao mesmo tempo perdem-se... Não digo que os outros poemas sejam todos maus, porque alguns até se aproveitam, mas mesmo assim não se comparam aos teus.
Enfim, continua com o bom trabalho