Perdoem-me o meu atrevimento
E digo-o sem a mínima ironia
De te chamar de inútil jumento
Que só come da mais fina iguaria
E os teus santíssimos antecessores
Que por esse mundo, como condores
Foram distribuindo a pena capital
Logo após o sermão de natal
Sacrilégio dizer isto de quem nunca erra!
Que sabiamente governas esse império teu
Império de cinco hectares cá na terra
Mas de mil léguas lá no céu
Uns situam o teu império para lá do céu azul
Outros, algures em algum paul
Mas nos mapas apenas é uma ínsula
Lá para os lados da itálica península
Mas tu nunca dispensas o teu santo manjar
E com tanta banha a ganhar
Nessa tua santa refeição
Santa gordura então!
E dormindo o teu sono de reflexão
No trono de Pedro, que tens a defensão
Pudera a tantos ver-te acenar
Da varanda da basílica, o teu lar...
Mas quem te segue não são só maus odores
Também te seguem teus fiéis seguidores
Que preferem a hóstia ao pão
E bebem o sangue do teu patrão
Mas quem se sente muito sozinha
É a tua amiga, a Fatinha!
Que está lá para cima a chorar
Por ter perdido o seu amor
E nuns miúdos as mágoas foi afogar
Do seu amado não viu mais seu calor
Pois só um bando de fanáticos a gritar
É que lhe deu algum valor
Mário Carreiro
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