Ia eu cruzando
Pela lateral da praça
Quando reparei em ti mirando
Através da vidraça
E então com ar de malandro
Pé ante pé fui andando
Da tua janela me acerco
E em teu olhar me perco
Abres a janela e pedes que me afaste
"Seu porco, estava limpa e já a sujaste!"
Olho-te então nesses olhos irados, quero-os!
Peço-te que mos dês e que me dês o teu Eros
"Maldito sejas que aqui poisas
Que é um Eros? Tenho lá dessas coisas"
Digo-te que era grego o que dissera
E tu disseste "só pudera..."
Senão o quente Eros, então um Ágape manso
"Tinha de me calhar um tanso...
Cala-te com tais palavrões
Que aqui não é asilo para cabrões"
Dá-me então o teu Pathos ardente
Que por ele sou um demente
E apoiando-me já no parapeito
Levei uma chapada que estava já a jeito
"Aviso-te, sai daqui seu louco!
Não me entravas em casa por pouco"
Na cara bate-me com a janela
E para castigo dos meus actos
Nunca mais a vi naquela ruela
Nem ela nem o meu Pathos
Mário Carreiro
1 comentário:
Haha, gostei bastante de como se entre-cruzam um lado mais "geeky" da tua parte, com o contrastante de uma rapariga (ainda por cima uma quanto ignorante).
A conclusão foi interessante, justa e realista sem se destacar negativamente do estilo humorista do poema em geral.
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