sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Infinito

Um passo
Dois passos
E ali estavas tu
De costas para mim
E eu estava nu
Da minha segurança e garantia
Numa inconsistência doentia

E tu num eterno movimento
Numa velocidade infinita
Cada instante era o seguinte momento
Cada ponto era a seguinte estadia
Tudo num vector de afastamento
Que se afastava do meu corpo
E se Aproximava do meu pensamento

Corpo
Pensamento
Ambos viajando ao infinito
Um, a imagem do real
Outro, a realidade da imagem
Cada vez mais longínquos
Dispersos, vagueando
Em mares de propano
Incandescentes, voláteis
Extensos, retrácteis

Comigo, insano, repetindo:
"Eu sou igual a Eu"
Qual encéfalo bovino
Na vã expectativa
De manter a identidade

Eis que te somes pelo vácuo
Corpo e pensamento
Perdem a última velocidade
Unem-se no ponto de sanidade
Voltando à concepção do natural

São estes os movimentos incessantes
Que me provocas em poética prosa
Sempre em mutações constantes
Quando te vejo de relance
Vejo pixéis de hipóteses
E átomos de nada



Mário Carreiro

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