Um véu branco
Que sobre mim cai
E dentro do qual me tranco
Em redor apenas vejo chamas
Que consomem meu corpo
E queimam minhas entranhas
E no culminar da minha sanidade
Até perco a lógica
Em troca de saber a verdade
E dá-me então uma vontade
Uma vontade de amar
De amar sem piedade
Já não sinto alegria
Nem sinto tristeza
Sinto apenas uma euforia
Que me toma assim
E me possui a mim
Que me faz perder a razão
E todo sentimento
Que resta no meu coração
Tornando-me num mecanismo
De puro masoquismo
De pura dor, de puro sofrer
Por tanto desejar
Aquilo que tanto queria ter…
Mário Carreiro
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